Devemos tomar uma série de cuidados quando procuramos nas redes sociais alguma informação sobre o tratamento do câncer. A divulgação de informações sem respaldo científico que estimulam dietas restritivas para pacientes oncológicos com o objetivo de melhorar a resposta ao tratamento vem crescendo de forma assustadora.
Dentre as orientações mais comuns destacam-se a “dieta detox”; o estímulo à ingestão de alimentos que seriam capazes de curar o câncer, como a graviola e o noni, e a dieta cetogênica, na qual é feita restrição drástica de carboidratos; além da orientação para exclusão de fontes de proteína animal da alimentação.
O cuidado nutricional do paciente com câncer deve ser pautado em estratégias baseadas em evidências científicas.
Nesse sentido, o mais recente consenso da Sociedade Europeia de Nutrição Enteral e Parenteral – (ESPEN, 2017), que classifica as suas recomendações de acordo com o nível de evidência científica, orienta que pacientes com câncer sigam as mesmas recomendações energéticas de indivíduos saudáveis.
O mesmo documento não recomenda a orientação de dietas restritivas para pacientes oncológicos, incluindo a cetogênica, pelo risco de induzir e/ou agravar a desnutrição. É necessário ressaltar que a perda de peso e de massa muscular durante o tratamento do câncer está associada a maiores taxas de mortalidade, menor resposta ao tratamento e muitas vezes a tolerância ao tratamento.
Dieta cetogênica é definida como uma dieta rica em gorduras, moderada em proteínas e pobre em carboidratos.
A oferta extremamente reduzida de carboidratos simula o estado de jejum, no qual a utilização da gordura como fonte de energia passa a ser a dominante.
A adaptação metabólica do organismo a uma dieta cetogênica, quando mantida por no mínimo três semanas, inclui o aumento na produção de corpos cetônicos, além da redução na glicemia e insulinêmica (Allen et al., 2014).
O tecido tumoral é capaz de se readaptar e de metabolizar corpos cetônicos, utilizando-os como fonte de energia (Schwartz et al., 2015,). Portanto, a extrapolação destes resultados para pacientes com câncer é extremamente precoce e perigosa.
Não há evidência científica suficiente que respalde a prescrição de dietas com reduzido teor de carboidratos para este grupo. Somam-se a isso os efeitos colaterais relatados, que incluíram constipação, câimbras, diarreia, cefaleia, fadiga, e perda de peso (Oliveira et al., 2017).
Além disso, queixas digestivas são frequentes durante o tratamento com quimioterapia e/ou radioterapia e possivelmente são agravadas pela adoção de dietas com elevado teor de gordura.
Em relação às demais orientações que são frequentemente veiculadas na mídia, como “dietas detox”, alimentos milagrosos na cura do câncer e exclusão de proteína animal, ressaltasse que também não há evidências científicas de seus benefícios durante o tratamento oncológico, nem mesmo em estudos experimentais. Sendo assim, tais condutas são consideradas, para fins do presente posicionamento, como empíricas, e não devem ser praticadas.
E lembrando, cada pessoa é única. Então porque não procurar um Nutricionista e fazer uma dieta equilibrada voltada para as suas necessidades e para a sua patologia?!
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Vanessa Cirilo Caetano
Nutricionista CRN 19417