O termo ‘vacina’ ainda está muito associado à prevenção de doenças infecciosas, como gripe, COVID-19 e sarampo. Entretanto, a ciência tem avançado para desenvolver vacinas que atuem também contra o câncer, tanto na prevenção quanto no tratamento. Essas novas abordagens marcam uma era de medicina personalizada, guiada pela genética dos tumores e pelo fortalecimento do sistema imunológico.
Vacina contra o câncer cura a doença?
Até o momento, não existe uma vacina capaz de curar o câncer de forma ampla ou definitiva. Entretanto, algumas vacinas podem prevenir tipos específicos de câncer ou ser utilizadas como tratamento complementar para prolongar a vida e reduzir a chance de recidiva.
Vacinas preventivas
Essas vacinas previnem infecções virais que estão associadas ao desenvolvimento de câncer. Exemplos:
– Vacina contra o HPV: previne câncer de colo do útero, ânus, pênis e orofaringe.
– Vacina contra hepatite B: reduz o risco de câncer de fígado.
Vacinas terapêuticas
São aplicadas em pessoas já diagnosticadas com câncer. Não curam a doença, mas podem ajudar a controlar o tumor e aumentar a sobrevida.
Exemplos:
– Sipuleucel-T: utilizada para câncer de próstata avançado.
– mRNA-4157/V940: combinada ao imunoterápico pembrolizumabe em estudos para melanoma.
Avanços recentes e plataformas tecnológicas
O desenvolvimento de vacinas baseadas em mRNA, como as utilizadas contra a COVID-19, também está sendo explorado no tratamento do câncer. Essas vacinas usam informações genéticas para ensinar o sistema imune a reconhecer e atacar o tumor. As plataformas incluem mRNA, peptídeos, DNA, vetores virais e vacinas celulares.
Vacinas como a Nous-209, voltada para prevenção em pessoas com síndrome de Lynch, e vacinas contra mutações do gene KRAS em câncer de pâncreas, estão entre os exemplos mais promissores.
O papel do farmacêutico
O farmacêutico oncológico é peça fundamental na era da imunoterapia personalizada. Ele atua:
– Na seleção de pacientes com base em testes genéticos.
– No preparo e conservação das vacinas, especialmente as de mRNA.
– Na educação de pacientes e familiares sobre os tratamentos.
– No monitoramento de reações adversas e eficácia terapêutica.
Conclusão
As vacinas contra o câncer representam uma inovação transformadora, com potencial para personalizar o tratamento e prevenir a recorrência da doença. Porém, ainda não são uma cura definitiva. A ciência avança rapidamente, e o trabalho interdisciplinar entre médicos, farmacêuticos e pesquisadores será essencial para tornar essas terapias mais acessíveis e eficazes.
Por Leandra Cristina Dias Talma – Farmacêutica